domingo, 15 de maio de 2011

O sentido da vida e a direção do olhar

Mesmo depois de ter me prometido descobrir um sentido para a vida, como falei na postagem em 01/05, passei por uma sequencia de dificuldades e mudanças que exigiram bastante esforço e que não permitiram nenhuma dedicação a esse propósito tão sublime. Entretanto, depois de um tempo, comecei a perceber que os acontecimentos aparentemente dispares, continham uma coerência sutil, que foi se confirmando aos poucos.
Essa conscientização, a cada dia me dá a sensação de descobrir alguma coisa nova. Primeiro achei isso esquisito, porque me levava a dizer: ah! Por que esse conhecimento não me chegou nas minhas mãos há mais tempo? Agora sei que estava aprendendo a ver o mundo com mais atenção e em vez de ficar olhando as bobagens que fazia, passei a olhar sem criticar. Ao mesmo tempo passei a olhar pra dentro de mim. Outra coisa interessante foi me olhar andando na rua – é engraçado, mas tinha a impressão que podia me ver, como se não estivesse dentro de mim.
Talvez isso seja somente uma fantasia, mas me desvincular da rotina do corpo, abriu minha mente para me ver de uma maneira nova. De imediato, confesso que fiquei excessivamente egocêntrico, mas continuei as observações e pude abrir o olhar para ver outras pessoas. Passei a olhá-las, às vezes conversando comigo, como se estivesse fora da conversa, como se fosse do alto, de algum ponto privilegiado.
Há muita literatura sobre a questão do olhar e, entre outros, gostei muito dos ensinamentos do “brujo” Don Juan para seu discípulo Castanheda. Sua idéia principal era que estamos acostumados a ver somente o que concebemos, mas que o mundo é bem maior e podemos vê-lo se superarmos as limitações que nós mesmo nos impomos. Atualmente tenho buscado entender a física quântica e foi numa entrevista do Dr. David Albert (*) que encontrei um conceito que me chamou a atenção: “Não há como olhar o mundo passivamente. Olhar inclui interagir com o mundo”
A aproximação destes dois conceitos, do Don Juan e do Dr David, me levou a diversas viagens, como por exemplo, se eu olho para a realidade e vejo que ela possui mais do que aparece de imediato, isso pode ser uma exploração mais apurada, mas também pode ser uma criação instantãnea – o que reforça a idéia de que podemos criar a realidade que desejamos viver. Mas também observo que a realidade que eu não via, já existia idependente de mim e a atividade de vê-la. passa então a fazer parte da criação. Entretando ela só será desevendada (literalmente tirar a venda) quando houver a minha ação de ir até ela, como no caso da experiência de Schrödinger.
De tudo isso, conclui que a resposta de um sentido para a vida não é uma resposta embrulhada e pronta para ser recebida de um mestre, guru, Deus ou do univero – é uma construção que passa a existir à medida que vai sendo construída. Para onde você dirige seu olhar? Para onde você dirige a sua vida? Quais os valores que você reverencia? Quais são as suas escolhas? Se você não sabe, como pode “ver” o que lhe está sendo desvelado?
 
(*) David Albert, Phd – prof. e diretor de Fundamentos Filosóficos de Física – Universidade de Columbia –USA, em palestra sobre física quântica no filme “Quem somos nós”

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